Dom Carlos Romulo

“E todos os que ouviram os pastores, ficaram maravilhados com aquilo que contavam” (Lc 2,18)

Oitava de Natal, Santa Maria, Mãe de Deus: Nm 6,26-27; Sl 66; Gl 4,4-7; Lc 2,16-21 Meus irmãos e minhas irmãs, ainda estamos celebrando o grande Dia do Natal do Senhor. Nosso é convite é para acolhermos esta Graça e ao mesmo tempo, nos deixar modelar como filhos e filhas de Deus, para bem iniciarmos 2023. A oração inicial da Liturgia deste, nos recorda que o Senhor, através da ‘virgindade fecunda de Maria’, garante à humanidade, a salvação eterna. A mesma oração nos propõe a atitude fundamental: contar com a intercessão da Virgem, “pois ela nos trouxe o autor da Vida”. Com estas disposições, a comunidade está pronta para escutar a Palavra. O que o mistério do Santo Natal significa para nós? A primeira leitura nos fala da bênção de Aarão. Contemplando as palavras desta bênção, nos colocamos diante do Senhor que nos criou do pó da terra e nos modelou com suas mãos, soprando em nossas narinas o sopro da vida (cf. Gn 2,7). Assim, a bênção nos recorda este Rosto Divino que nos ilumina, nos transfigura com sua compaixão; o Seu Rosto nos dá a paz. O salmo responsorial continua propondo “que na terra se conheça o seu caminho e a sua salvação por entre os povos” (Sl 66,1b). Este caminho se torna concreto quando escutamos o Evangelho (Lc 2,16-21). Os pastores são os primeiros a abrirem esta estrada, pois vão ‘às pressas’ até Belém. Reproduzem a atitude de Maria, que vai ‘às pressas’ até a casa Zacarias e cumprimenta Isabel. Agora são os pastores, como primeiros discípulos e mensageiros da encarnação do Filho de Deus. Todos estão maravilhados, pois vendo o sinal – “um recém-nascido envolto em faixas e deitado numa manjedoura” (Lc 2,12) – eles contam o que ouviram do anjo – “hoje, na cidade de Davi nasceu para vós um Salvador, que é o Cristo Senhor!” (Lc 2,11). Diante deste Mistério, Maria nos indica a atitude fundamental: “Quanto a Maria, conservava todos estes fatos, meditando-os em seu coração” (Lc 2,19). Este ‘conservar’, nos faz recordar o ‘vinho novo’, que deve ser conservado em ‘odres novos’. Assim como na bênção de Aarão, agora os pastores que vão a Belém, e todos os que se aproximam do ‘recém-nascido’, são transfigurados, são transformados, pois Este se chama ‘Jesus’, que significa ‘Deus Salvador’, “pois Ele salvará o seu povo dos seus pecados” (Mt 1,21). Este encontro é mais do que uma bênção, pois estamos diante Daquele que, ‘admiravelmente nos recria’. O Apóstolo Paulo, na Carta ao Gálatas, nos apresenta os frutos deste encontro com o ‘Deus conosco’: “para que todos recebêssemos a filiação adotiva (Gl 4,5). No Filho, nos tornamos filhos e filhas, adquirindo àquela comunhão original com o Pai: “E porque sois filhos, Deus enviou aos nossos corações, o Espirito do seu Filho, que clama, Abbá – ó Pai” (Gl 4,6). Sendo assim, a Solenidade de Maria, Mãe de Deus é um convite a nos alegrar com as primícias da Graça, em vista de alcançar a Plenitude (cf. Oração das Oferendas). A Celebração do Santo Natal nos renova na graça e na acolhida do amor de Deus. Que isto seja motivo de grande alegria para iniciarmos um novo ano, que para nós, no Brasil, é Ano Vocacional. Assim como Maria ‘conservava’ em seu coração todos estes acontecimentos; assim também, os discípulos de Emaús, ao encontrar o Apóstolos reunidos, partilharam: “Não estava ardendo o nosso coração, quando ele nos falava pelo caminho e nos abria as Escrituras” (Lc 24,32). A Palavra transforma nosso coração e nos recria capacitados para a missão. Abençoado Natal e iluminado 2023 +Dom Carlos Romulo – Bispo Diocesano.